Mensagem a Marija em 25 de Março de 2019
Queridos filhos! Este é um tempo de graça. Assim Como a natureza se renova para uma vida nova, assim também vós sois chamados à conversão. Decidi-vos por Deus. Filhinhos, vós estais vazios e não tendes alegria, porque não tendes Deus, portanto, rezai para que a oração se torne para vós vida. Na natureza buscai a Deus que vos criou, porque a natureza fala e luta pela vida e não pela morte. As Guerras reinam nos corações e nas nações, porque vós não tendes paz e não vedes, filhinhos, no vosso próximo um irmão. Por isso voltai a Deus e à oração. Obrigada por terdes respondido ao meu apelo.

Caros irmãos,

Recebam hoje e sempre a paz e a alegria de Jesus e Maria!

Enquanto na Europa e outras regiões do mundo a natureza desperta-se e renova-se com o efeito da Primavera, na América do Sul e noutras partes do mundo, a natureza parece adormecer e entrar numa espécie de letargia que a levará a acumular forças para recuperar toda a sua força e esplendor em poucos meses.

Assim é com os ciclos da vida espiritual dos homens e mulheres de oração, que passamos pela alternância, como diz Santo Inácio de Loyola – de consolações a desolações.

A Rainha da Paz na sua mensagem de 25 de Março, apresenta a natureza na sua grande simplicidade como modelo de mudança e conversão permanente.

Podemos afirmar que nunca haverá verdadeira paz e autêntica alegria no coração cristão, se não nos decidirmos diariamente por uma verdadeira mudança de mentalidade.

Assim como no Outono as folhas das árvores tendem a cair, da mesma forma uma conversão verdadeira implica que deixemos cair as máscaras que colocamos frequentemente diante de Deus ou diante dos outros. Algumas dessas máscaras podem ser as da falsa piedade. Podemos até sentirmo-nos bem fazendo boas obras, mas sem dar a Deus as áreas mais profundas do coração e da mente, enroscando-nos em meias-verdades (que acabam por ser grandes mentiras) e que produzem mal-entendidos, desconfiança e suspeita em relações matrimoniais, entre amigos e até em comunidades cristãs.

O que leva a Virgem Maria a afirmar:

“As guerras reinam nos corações.”

E acrescenta:

“…. vós não tendes paz e não vedes, filhinhos, no vosso próximo um irmão…”.

Uma pessoa que não tem paz na sua mente e coração, dificilmente terá paz com aqueles ao seu redor ou que tenham consigo algum laço. Esse é o caminho da cura e conversão para o qual estamos a ser chamados, especialmente durante este tempo da Quaresma.

Nesta mensagem, a Mãe de Deus é muito clara e até soa muito forte quando diz:

“Decidi-vos por Deus. Filhos, vós estais vazios e sem alegria, porque não tendes Deus “.

Mas para quem está a falar a Gospa (Nossa Senhora)?

Certamente não o está  a fazer para os não-crentes, porque esses não costumam ler as suas mensagens.

Então, quem são aqueles que se devem decidir por Deus? Quem são os que estão vazios? Quem são aqueles que não têm alegria?

Sim, querido irmão, acertaste; a Virgem Maria está a falar contigo e comigo. Ela pode ver tudo o que há nos nossos corações e também o que é bom e saudável que deveria lá estar e não está.

Esta é uma realidade que vejo com muita frequência em muitos católicos: sejam eles leigos, religiosos, sacerdotes ou mesmo bispos.

Se faltam a alegria e a paz interior – inclusivamente mesmo durante durante as tempestades da vida – não se deve tanto a doenças de um ou de outro tipo, não se deve tanto aos problemas laborais, económicos ou sociais; pelo contrário, deve-se a que nós não rezamos e jejuamos com o coração, não procuramos a verdade e a bondade intensamente, encontramos sempre 1000 desculpas para não nos juntarmos a um grupo de oração e ter uma comunidade; e assim somos presa fácil para as tentações de Satanás, pois desse modo, como diz São Paulo, somos como “crianças sacudidas pelas ondas e arrastadas pelo vento” (Ef. 4: 14).

Quer dizer que, somos sacudidos e arrastados por qualquer tentação do diabo; somos sacudidos e arrastados por qualquer intriga ou mal-entendido que ouçamos e não gostemos e não saibamos como digerir o que nunca deveríamos ter ouvido; somos sacudidos e arrastados por qualquer dificuldade que se apresente; somos sacudidos e arrastados pelo vítimismo, auto-compaixão, a justificação, preconceito ou qualquer modelo mental ou emocional danoso que forjamos nalguma etapa das nossas vidas …

É doloroso pensar que nós, que amamos a Virgem Maria, A entristecemos quando permitimos – como Ela o afirma – que: “Guerras reinam nos corações“; e quando: “…vós não tendes paz e não vedes, filhinhos, no vosso próximo um irmão…“, estejamos a viver em desconfiança e a julgar todos.

Perdoa-me se me estou a repetir, mas parece importante ter em conta: podemos ser sacerdotes, leigos comprometidos ou religiosos, dirigir retiros ou organizar peregrinações, ir mil vezes a Medjugorje e a vários santuários, mas de pouca utilidade servirá se não pararmos de culpar os outros pelos problemas da vida e pelos estados emocionais desequilibrados próprios e começar a assumir que aquele que deve mudar primeiro é cada um de nós, sem procurar “bodes expiatórios”.

Essa é a ideia que São Irineu quer expressar quando diz: “o que não é assumido, não é redimido“.

Só teremos verdadeira paz interior e alegria e Deus poderá agir em nós e nas nossas famílias, se aceitarmos com humildade o que toca a cada um a assumir e trabalharmos com a graça de Deus para converter o que precisa ser convertido, renovado e transformado. Caso contrário, os pecados da injustiça estarão clamando diante de Deus.

Enquanto não assumirmos as guerras que tenhamos com nós mesmos, por causa das feridas não cicatrizadas da nossa própria história, por causa dos vazios emocionais, por causa de modelos inter-geracionais distorcidos, então não podemos percorrer um caminho de verdadeira sanidade e santidade.

Esta é em minha opinião, uma maneira de voltar a Deus e à verdadeira oração a partir desta época da Quaresma, para que quando a Páscoa chegar, possamos viver em Cristo uma profunda alegria.

Recomendo-me às suas orações e peço ao nosso bom Deus que o abençoe abundantemente.

Padre Gustavo E. Jamut, oblato da Virgem Maria