Queridos amigos,
Recebei durante todo este ano a paz e a alegria de Jesus e Maria.
Para ler e reflectir sobre esta mensagem, lembrei-me das palavras de uma velha canção que começa assim: “A mim acontece-me mesmo que a si.” E de certeza que esta esta mensagem da Rainha da Paz produz uma profunda tristeza e dor a si e a mim.
No entanto, tenha em mente que nem todas as tristezas são más como afirma o apóstolo Paulo quando diz que a comunidade de Corinto:
“Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo.
Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte. Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós … “(2 Coríntios 7: 8-11).
Quando um pai ou uma mãe corrigem uma criança, muitas vezes ela sente tristeza, mesmo quando a correcção é motivada pelo amor e bondade e pelo bem presente e futuro desejado àquela criança.
Da mesma forma, tanto Jesus nos Evangelhos, como a Rainha da Paz nas suas mensagens devem corrigir-nos, porque não abordam os vizinhos da frente, ou quem na Igreja se senta ao meu lado; Tanto Jesus como Maria dirigem-Se a si e a mim.
Não devemos procurar nos corações dos outros as lutas, ódio, interesses pessoais, egoísmo e ao materialismo a que se refere a Virgem, mas eu encontrar estas obscuridades e piranhas da alma, na minha mente e no meu coração, nos meus pensamentos e nos meus sentimentos.
Todo nós corremos o risco de cair na tentação da moral dupla e ocultar as piranhas da alma debaixo de uma patina de bondade aparente e misericórdia, sem um caminho de conversão sincera e profunda.
Se o nosso verdadeiro desejo é que o ano de 2019 seja um ano melhor, então eu devo-me empenhar pessoalmente para expulsar todos os dias do meu pensamento e do meu coração essas piranhas da alma – como eu as chamo – e todas as formas de obscuridade relacionadas com essas paixões desordenadas sobre as quais a Rainha da Paz nos fala nesta mensagem de 2 de Janeiro.
As piranhas da alma
Convido-vos em seguida a reflectir sobre as piranhas da alma, sobre as quais a Rainha da Paz começa a falar nesta sua primeira mensagem do ano.
Luta
Alguns sinónimos relacionados com esta piranha da alma que é a luta são: incitação, desafio, provocação, oposição, combate, peleia, batalha, contenda, rixa, briga, escaramuça, rivalidade, confronto, discussão, disputa, altercação, conflito, guerra, hostilidade, entre outros …
Seria útil para a nossa libertação e crescimento integral, verificar se nas nas águas cristalinas da nossa alma nada alguma dessas piranhas anteriormente referidas.
Ódio
O ódio é a segunda piranha que corrói a alma, é o sentimento profundo e intenso de repulsa em relação a alguém que o faz querer fazer mal, ou que algum infortúnio aconteça, ou ainda não querer saber de nada com essa pessoa.
Entre os sinónimos de ódio estão: maldade, rancor, animosidade, antipatia, desagrado, alergia, repulsa, repugnância, rejeição, aversão, oposição, animosidade, hostilidade, amargura, rancor, ressentimento, entre outros …
O Espírito Santo, doce Hóspede da alma, não pode habitar no coração daqueles que não estão determinados a expulsar nenhuma dessas emoções ou atitudes negativas.
Interesses pessoais e egoísmo
As duas últimas piranhas da alma, que eu coloco-as juntas porque quando uma entra chega a outra.
O termo egoísmo refere-se ao amor excessivo e imoderado que uma pessoa sente sobre si mesma que faz com que sirva os seus próprios interesses além da medida certa. Portanto, o egoísta não está interessado no interesse dos outros e só governa os seus pensamentos, palavras e decisões de acordo com sua conveniência absoluta.
O egoísmo, portanto, é um modo de pensar, sentir e agir totalmente oposto à caridade cristã. Esta última fala às vezes de sacrifício do próprio bem-estar (ou pelo menos subtrair e relativizar a sua importância) em resposta ao que Deus nos pede, ou em benefício dos outros; isto é, buscar o benefício dos outros antes do seu próprio. É por isso que a Virgem Maria expressa com dor:
“os corações ficam aprisionados pelas coisas materiais do mundo“.
Estas últimas piranhas – o egoísmo e interesses pessoais – prevalecem na cultura de hoje, causando grandes danos tanto entre membros das famílias, como nos membros das comunidades da Igreja e no desenvolvimento e extensão do Reino de Deus.
Não se pode impedir que essas piranhas nadem perto do oceano dos seus pensamentos e no rio das suas emoções, mas pode-se evitar que entrem neles e se reproduzam aí, porque se não são expulsas acabam corroendo a graça e a luz que há em si e farão isso de forma tão gradual e furtiva que nem se aperceberá.
Eu não deveria perder uma única noite sem rever como vivi meu dia …
Eu não deveria deixar passar um único dia sem perguntar a Deus se está feliz com o que eu penso, sinto, falo e como me relaciono com cada pessoa …
Não seria saudável adormecer todas as noites sem antes ter examinado a minha consciência, porque correria o risco de levar para o travesseiro qualquer forma de obscuridade que tivesse entrado em mim durante o dia. E se eu descobrir que abri as portas a Satanás – deixando entrar pensamentos, sentimentos, palavras, actos negativos ou omissões relacionados a essas quatro doenças malignas – então será um bom momento para pedir perdão a Deus, confiar na Sua misericórdia, entregar-Lhe as fragilidades próprias ou alheias, por na mão estendida da Rainha da Paz qualquer situação conflictiva, pedindo a graça para melhorar nos dias seguintes; e então poderei descansar serenamente e profundamente, com a certeza de que de manhã me levantarei renovado, pois Deus fechará as portas do mal e abrirá novas portas de bênção.
Oração
Virgem Maria, Rainha da Paz, obrigado por convidar-nos a sacudir das nossas vidas as piranhas da luta negativa entre nós, o ódio, o egoísmo e amor excessivo às coisas materiais do mundo.
Obrigado, Mãe, por convidar-nos a clamar ao seu Coração Materno para que a fé e o verdadeiro amor possam crescer em nós.
Obrigado, Mãe, por convidar-nos a pedir a Deus a graça de sermos mansos e humildes, enfrentando as nossas dores e sofrimentos sem reclamar, com esperança e fé.
Obrigado, mãe, por chamar-nos “apóstolos do seu amor”.
Ajuda-nos a sê-lo de verdade, tirando as máscaras de falsa piedade, crescendo em amor uns pelos outros e deixando-nos converter todos os dias na nossa maneira de pensar, sentir, falar, agir, a comprometer-nos verdadeiramente na transformação de todos os ambientes.
Que assim seja.
Pe. Gustavo E. Jamut
